BRASÍLIA - DA UTOPIA À CAPITAL


                          


De 07 de fevereiro a 06 de março de 2020, a Embaixada do Brasil em Roma apresentará a exposição Brasília - Da utopia à Capital. A exposição examina as ideias, personagens e percursos históricos que levaram à criação de Brasília em 1960 e a transformaram em síntese do pensamento modernista brasileiro. Concebida como obra de arte completa, a nova capital representa nova fase de interiorização do Poder Público do país, anteriormente concentrado na faixa litorânea. A mostra faz parte das comemorações do aniversário de 60 anos da cidade comemorado em 21 de abril de 2020.

A mostra exibe acervo de aproximadamente 300 obras de arte e documentos, dentre eles, maquetes de edifícios icônicos projetados por Oscar Niemeyer; desenhos e maquete fotográfica do plano urbanístico de Lucio Costa; esculturas de Maria Martins, de Bruno Giorgi e de Alfredo Ceschiatti;  e fotografias de Marcel Gautherot e de Mario Fontenelle. As obras são provenientes de coleções brasileiras públicas e privadas, dentre as quais o Instituto Moreira Salles, o Arquivo Público do Distrito Federal e a Coleção Brasília — Domício e Izolete Pereira. A exposição estará aberta à visitação de segunda a sexta, das 10h00 às 17h00. A curadoria é de Danielle Athayde. Entrada franca.

Uma epopeia modernista
A transferência da capital do Brasil do litoral atlântico para o centro-oeste do seu território, no início da década de 1960, despertou sentimento de euforia desenvolvimentista na população brasileira. Pessoas comuns, movidas pelo desejo de fazer parte do sonho de construção de uma nova cidade, sede do governo, deslocaram-se do conforto de suas famílias e de suas cidades de origem, em especial do nordeste brasileiro, em direção ao centro-oeste. O Planalto Central, no cerrado brasileiro, de horizonte infinito e de terra vermelha, transformou-se em canteiro de obras de proporções épicas, cujos núcleos de acomodações precárias, sendo um deles a Cidade Livre, chegou a abrigar mais de 30 mil trabalhadores durante a construção, que durou 3 anos e 10 meses. 
Concreto aparente
Os chamados candangos”, trabalhadores oriundos de vários campos de conhecimento e, em geral, pertencentes às camadas populares, aprenderam in situ a dominar o emprego e a manipulação do concreto aparente. O material, elemento marcante do Modernismo brasileiro, não admite erros ou retoques. Ao observarmos, com admiração e espanto, a beleza do projeto urbanístico de Lucio Costa, o Plano Piloto, e a harmonia e perfeição das linhas curvas de Oscar Niemeyer, também estamos a observar a excepcional capacidade artesanal dos candangos, sobretudo na elaboração dos pilares do Palácio da Alvorada, inspirados nas redes de casas de fazenda do período colonial, e dos arcos que sustentam o Palácio do Itamaraty, cujas maquetes compõem a mostra.

Plano Piloto
O esforço da construção de Brasília, compartilhado por funcionários públicos, arquitetos, artistas e candangos, poderá ser observado em detalhes pelo público presente nos documentos históricos reunidos pela exposição Brasília - Da utopia à Capital. Entre eles, o projeto Plano Piloto, proposto por Lucio Costa.

Definida por uma área de 21x17 km, Brasília é delimitada, ao sul, pelo Aeroporto Internacional JK; ao norte, pela recente Torre de TV Digital; a leste, pela barragem do Lago Paranoá; e a oeste, pela rodoviária. Maquete do Plano Piloto foi especialmente concebida para a exposição a partir de imagens de satélite, em alta resolução, medindo 6,00x4,80 metros, considerando a escala de 1:3500.

Comissionamento de artistas
As etapas da construção da nova capital brasileira, realizadas em ritmo apressado, de vergalhões de aço e andaimes gradualmente cobertos pelo concreto que lhe conferiu singularidade, foram registradas em belíssimos ângulos geométricos pelas lentes dos fotógrafos Peter Scheier, Marcel Gautherot, Jean Manzon, Mario Fontenelle e Jesco Puttkamer.
 
Vislumbrada como uma obra de arte completa, com características de museu a céu aberto, o projeto de Brasília comissionou obras a prestigioso grupo de artistas: Athos Bulcão, autor de fachadas, pinturas e azulejos que dão cor ao concreto e se integram à arquitetura, como as fachadas do Teatro Nacional e os painéis de azulejos no Congresso Nacional e na Igrejinha; Marianne Peretti, autora dos vitrais da Catedral Metropolitana; Alfredo Ceschiatti, escultor dos anjos da Catedral; Roberto Burle Marx, artista criador de projetos paisagísticos dos principais espaços públicos da capital, como o Parque da Cidade, o Palácio do Itamaraty, as superquadras, as praças e eixos do plano piloto, além de obras e projetos para seus interiores, para citar alguns.

Algumas dessas obras e seus estudos serão exibidos em Roma pela primeira vez. É o que ocorre com as obras da Coleção Brasília – Acervo Domício e Izolete Pereira com o modelo para a obra O Rito do Ritmo de Maria Martins, primeira escultura pública da capital, executada a convite de Niemeyer e instalada nos jardins internos do Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente da República. O mesmo pode ser dito de obras de Bruno Giorgi, como Os Guerreiros, de representação dos candangos e símbolo do marco da ocupação artística da capital.

Coleção Brasília

Formada pelo casal de pioneiros da Nova Capital do Brasil, Izolete e Domício Pereira, o acervo é composto por centenas de itens, abrangendo os mais diversos segmentos. Entre eles peças originais de design moveleiro, objetos, obras de artes visuais (gravuras, fotografias, desenhos, pinturas, esculturas), documentos oficiais (inclusive assinados pelo casal Juscelino e Sarah Kubitschek) e bibliográficos; entre outros, que traduzem um recorte referencial da cultural nacional do século XX e início deste. Entre eles, obras desde o descobrimento do Brasil (período colonial), como azulejos portugueses do século XVII, móveis, objetos diversos e documentos (períodos colonial e imperial); artefatos de arte pré- colombiana ( período de ocupação do homem no continente latino-americano); e outros, que se inserem nas categorias  de arte popular, indígena, africana, oriental, romana e grega.

A Coleção Brasília representa o movimento modernista moldado aos ares tropicais vinculado às artes, arquitetura, urbanismo e paisagismo, como às suas vertentes de origem internacional.

Num primeiro núcleo principal, de âmbito nacional, podem ser citados um conjunto formado por obras de Oscar Niemeyer, Ana Maria Niemeyer, Lucio Costa, Bruno Giorgi, Athos Bulcão, Roberto Burle Marx, Marianne Peretti, Alfredo Ceschiatti, Maria Martins, Alfredo Volpi, Rubem Valentim, Franz Wiessmann, José Pedrosa, José Zanine Caldas, Joaquim Tenreiro, Francisco Brennand, Eduardo Dhelomme, estão entre os históricos. Outros de linguagem contemporânea, como Francisco Galeno, Naura Timm, Paulo Iolovich, irmãos Campana, também estão contemplados na coleção. Além desse núcleo, relevante presenças, se relacionam àqueles que estabeleceram franco diálogo com as vertentes estéticas da Nova Capital, como  a Baronesa Maria Werneck de Castro, Pierre Verge, Israel Pedrosa, João Câmara, Madelaine e Concessa Colaço, Ferreira Gular, Fayga Ostrower, Helio Oiticica , Ligia Pape e Ligia Clark, que não podem deixar de serem citados e que em sua maior parte integram o conjunto a ser exposto.

Na ocasião da itinerância italiana da exposição “Brasília da Utopia à Capital”, na cidade de Roma, o público poderá evidenciar parte significativa deste acervo, dirigido a um recorte representativo da arte e da cultura nacionais a partir dos anos 60, sendo este, alusivo à estética da Nova Capital. Em especial no que se refere à presença de obras, objetos e documentos daqueles que integraram o chamado núcleo histórico de idealizadores e colaboradores da utopia da construção do mais importante projeto urbanístico do século XX, BRASÍLIA.

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Curadoria
Além de reunir elementos relacionados à arquitetura que identificam Brasília, a curadoria de Danielle Athayde propõe analisar a produção artística dos anos de construção da capital, assim como nos encaminha olhar para a representação contemporânea da capital. Nesse sentido, comissionou obras aos artistas Alex Flemming, que faz alusão à arquitetura da Catedral, e Naura Timm, que apresenta série de esculturas inspiradas pelo Cerrado, bioma em que a cidade foi edificada.

A exposição Brasília - Da utopia à Capital é o resultado de extensa pesquisa de Danielle Athayde na Fundação Ortega y Gasset, em Madri, na Espanha. A mostra circulou por 11 capitais, dentre elas Paris, Berlim, Moscou e recentemente Londres. A Mostra é uma realização da Artetude e da Embaixada do Brasil em Roma e conta com o patrocínio da CNI- Confederação Nacional da Indústria.

Parceiros
Brasília - Da utopia à Capital é uma realização Artetude Produções com apoio da Embaixada do Brasil em Roma e patrocínio CNI- Confederação Nacional da Indústria.

Informações úteis
Brasília - Da utopia à Capital
Curadoria: Danielle Athayde

Abertura dia 6 de fevereiro.

Visitação aberta ao público de 07 de fevereiro a 06 de março de 2020.
Segunda a sexta- 10h às 17h

Embaixada do Brasil em Roma
Palácio Pamphilj
Galeria Candido Portinari
Info: cultural.roma@itamaraty.gov.br




















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